
Darina Serra, 53 anos, inspira superação com sua trajetória. Nascida no município de Cururupu, interior do Maranhão, Brasil, enfrentou muitos obstáculos para estudar. Por bastante tempo, ela e cada um de seus oito irmãos ficaram hospedados na casa de parentes e conhecidos, encurtando a distância para ir à escola. Isso a pedido dos pais, que são analfabetos e precisavam garantir o sustento da família trabalhando com agricultura, longe da cidade. “(…) Ficamos separados pela necessidade de aprender. Mas a maior dificuldade naquela época era a falta de comida. No trabalho da roça, o retorno para as famílias acontece de ano em ano e quando [a lavoura] não é devastada pela enchente ou seca. Quando isso acontecia, era a pior ocasião; não tinha como comprar comida, roupa, remédios, calçados etc.”, recorda.
Até o que para muitos é comum, era raro para a família de Darina. Ela, por exemplo, só aos 15 anos soube o que era uma TV e uma geladeira. “Onde eu morava nem energia elétrica havia; na verdade, eu nem sabia que existiam essas coisas.”

A situação difícil vivida na infância foi decisiva em sua formação como cidadã. Em 1988, quando conheceu a ação solidária da Legião da Boa Vontade em São Luís/MA por intermédio de um primo, ficou encantada e decidiu que colaboraria com as atividades da Entidade na capital maranhense e, naquele mesmo ano, começou sua trajetória profissional na Instituição. O tempo foi passando, e Darina trabalhou em diferentes áreas até 2005, quando alcançou o atual posto: o de gestora do Centro Comunitário de Assistência Social da LBV em Teresina/PI. Por sinal, a presença feminina na área social é marcante. Do total de colaboradores, 75% são mulheres; e, do número de gestores nas 76 unidades socioassistenciais, elas representam 77,6%.
Trabalhar na Legião da Boa Vontade é, nas palavras de Darina, razão para sentir-se “realizada e feliz”. E explica o porquê: “A LBV me proporcionou mudança de vida em todos os sentidos, material e espiritualmente. Fez eu ter uma visão de futuro. A história da maioria dos atendidos é parecida com a minha própria infância e adolescência, faz eu voltar no passado; no entanto, [isso] me enche de orgulho pelo fato de que venci”.
Nos estudos, Darina foi longe, tornou-se técnica em Recursos Humanos e em Serviço Social e é pós-graduada em Educação Especial com docência em ensino. Com formação acadêmica e profissionalmente reconhecida, tem comandado, na unidade da Instituição na capital piauiense, ações que beneficiam 250 famílias em situação de risco social.