A população está envelhecendo. Hoje, 10% da população do Brasil tem 60 anos ou mais. Em 2030, projeções do IBGE estimam que o país passará a ter mais idosos do que crianças. E como proporcionar às pessoas dessa faixa etária qualidade da vida? É o que a Legião da Boa Vontade busca com o programa Vida Plena que, neste ano, foi implantado na unidade da Instituição em Brasília, DF.
“Muitas vezes o processo do envelhecimento é encarado como a fase final da vida por muitos da sociedade e, na verdade, o programa tenta desmistificar, não como este término, e sim como troca de experiência, um novo conhecimento, um novo nascimento, trazendo as experiências deles. Então, o programa vem com esse intuito de fortalecimento de vínculos, direitos e garantias dadas pela Constituição, e também trazer as potencialidades que estão lá dentro, para que elas se empoderem, sejam autônomas, e sejam protagonistas da sua história”, explica a psicóloga da LBV, Gabriela Silva.

No programa Vida Plena são desenvolvidas atividades de convívio comunitário, artísticas, culturais, de movimento do corpo e de valorização das experiências vividas que contribuem para o processo de envelhecimento saudável, desenvolvimento da autonomia e de sociabilidades, inserção sociocultural e o fortalecimento da cidadania de idosos. Promove o fortalecimento dos vínculos familiares, interpessoais e intergeracionais de forma a prevenir o isolamento e, consequentemente, a institucionalização/abrigagem.
Adaptação com sucesso
Na primeira semana, as idosas foram conheceram o Centro Comunitário de Assistência Social, da LBV, pelas próprias crianças que já são atendidas no local, numa bela recepção que uniu gerações: “Eu fico muito sensibilizada com as crianças, com a recepção, com o carinho de vocês, eu acho tudo fantástico. Eu sempre gostei muito aqui, do Templo da Boa Vontade, eu moro pertinho. Às vezes venho aqui pegar um pouco de energia e curtir a beleza, porque tem exposições de quadros, eu gosto muito de tudo que é belo”, relatou a senhora Fátima Antonieta, de 73 anos.
Dona Fátima mora em Brasília há mais de quatro décadas. Viu no espaço uma oportunidade para ela e também para as amigas: “Eu estou viúva vai fazer 7 meses, então eu moro sozinha (…) Estou achado ótimo [participar do programa Vida Plena], é uma coisa que eu gosto, e aqui o pessoal é muito carinhoso. (…) Eu não quero ficar triste, então estou sempre na rua, fazendo coisas, incentivando minhas amigas também a fazerem, tanto que estou trazendo pelo menos mais três pra cá, porque eu acho fantástico aqui, gosto muito”.

Uma das amigas convidadas por Fátima a participar do programa Vida Plena foi a senhora Aparecida Ribeiro, de 74 anos. “Eu moro só, com meus anjos da guarda (…) Eu estou gostando porque além de a gente aprender e conviver, se integrar bem com as amigas, se tem muitas experiências de vida, estou muito satisfeita. Fomos muito bem recebidas aqui na LBV, foi ótimo, muito bom, porque a gente aprende e às vezes também ensino um pouquinho, então é gostoso!”.
Por sugestão de Aparecida, o grupo escolheu um nome para representá-lo: Plenitude. “O nome do grupo foi escolhido hoje e, por acaso, a sugestão que eu dei, porque já se fala em Vida Plena, então Plenitude é bem adequado”.
A senhora Joanice da Silva, de 61 anos, ainda trabalha, mas se organiza para participar das ações do programa da LBV. “A rotina é essa, do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Foi muito bom, amei. Hoje já é o segundo dia, e cada dia é uma coisa nova que a gente aprende né, e as amizades também que a gente faz! É legal”.
Fortalecimento de vínculos
Respeitar a história de vida de cada um dos atendidos e promover acesso à informação, qualidade de vida e fortalecimento de vínculos são alguns dos diferenciais da LBV.

“A intenção é essa, para que situações de depressão, de ansiedade, de isolamento, que é comum nessa faixa etária, próximo também a aposentadoria, isso não exista mais, ou até vá diminuindo gradativamente, de forma que elas se sintam mais fortalecidas”, ressalta Gabriela Silva, psicóloga da LBV. “Dentro da psicologia, atividades que envolvam autoconhecimento, autoestima, empoderamento, fortalecimento, vivência, trabalho com o luto, e também outras como artesanato, possivelmente informática, música, vários passeios, e muitas outras”, finaliza.
Gláucia Ramos, gestora social da LBV, explica a iniciativa: “O diferencial da nossa instituição é porque aqui nós temos um trabalho multiprofissional, elas recebem o apoio de psicóloga, assistente social e pedagoga, então é bem completo. Aqui nós temos também a oportunidade de conviver com crianças, jovens e adolescentes, então um trabalho multigeracional também, e geramos essa integração”.