O papel, voltado para baixo, guarda as perguntas que definirão o futuro do aluno no bimistre, semestre ou até no ano escolar. O silêncio povoa a sala e a ansiedade toma conta de todos os estudantes. Uns respiram fundo e outros sentem a mão suar.
Ao sinal da professora, as provas podem ser viradas. A avaliação começou — ou não?
Na última palestra do 21º Congresso Internacional de Educação, promovido pela Legião da Boa Vontade (LBV), a pedagoga Maria Suelí Periotto, mestre e doutora em Educação pela PUC/SP, convidou os congressistas a lançarem uma visão diferente para a avaliação.
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Em sua explanação, a educadora refletiu sobre o papel das ‘temidas’ provas, afirmando que é preciso quebrar o paradigma de que essa é a única forma de avaliar aluno.
“Muitas vezes, o aluno sabe o conteúdo, mas fica nervoso para fazer aquela avaliação e pode não ir bem”, pontuou.
Nesse sentido, Suelí apontou que há inúmeros recursos avaliativos, que podem chegar aos mesmos resultados desejados pelos professores.
AVALIAÇÃO PODE SER PRAZEROSA
Para exemplificar seu raciocínio, a doutora em Educação apresentou ao público os resultados colhidos no Conjunto Educacional Boa Vontade, que utiliza o MAPREI — metodologia própria da LBV, componente da proposta pedagógica da Instituição, da qual é supervisora.

Com base neste método, os professores de Filosofia e Geografia puderam aplicar, respectivamente, avaliações que permitiam aos alunos empinar pipa e, em uma redação, relacionar a atividade ao conceito de liberdade e encenar em sala de aula grandes negociações financeiras entre países como maneira de discutir a globalização.
Ao listar as seis etapas do MAPREI, Suelí afirmou: “Todas as pessoas são capazes de aprender e ensinar. O educando é protagonista na formação de seu conhecimento, mas o professor é importante parte deste processo”.
Vale destacar que a inovadora linha educacional — formada pelas Pedagogia do Afeto e Pedagogia do Cidadão Ecumênico — é aplicada, com sucesso, em todas as Unidades da LBV, e foi criada pelo educador e dirigente legionário José de Paiva Netto.
Essa proposta, segundo Suelí Periotto, busca valorizar o aluno integralmente, unindo o saber intelectual aos valores espirituais, éticos e ecumênicos, e tem Jesus como referência.
“Jesus é um modelo de educador para a Paz, que nos inspira a sermos ecumênicos”, explica.
LBV — POTENCIALIZANDO HABILIDADES
Em seguida, a pedagoga Andreia de Jesus subiu ao palco para apresentar ao público o Programa LBV — Potencializando Habilidades, projeto que coordena no Centro Educacional José de Paiva Netto, no Rio de Janeiro/RJ.
O programa é aplicado a estudantes com distúrbios de aprendizagem e de diagnósticos diversificados e desenvolve atividades a partir da utilização de materiais lúdico-pedagógicos e de jogos adaptados para atender laudos e especificidades de cada aluno, enriquecidos por estratégias desenvolvidas pelos profissionais que atuam no programa.

“No atendimento, trazemos alguns materiais sensoriais, como a argila. Ela tem cheiro, cor, espessura…”, conta.
Desta maneira, explicou a coordenadora, o programa da LBV se preocupa em “entender a criança desde a sua gestação”, analisando, por exemplo, problemas emocionais e nutricionais enfrentados pela mãe durante a gravidez.
“Tudo que essa mãe precisou enfrentar vai afetar o sistema nervoso central da criança”, destaca. E completa: “Nosso olhar de educador tem que ser muito atento, não apenas na parte da escrita e da linguagem. Precisamos ver o aluno como um todo”.
Após a etapa de investigação, a equipe pedagógica do programa intervém de imediato, de modo a garantir ao aluno seu desenvolvimento. “Não fazemos nenhuma intervenção sem que fortaleçamos os vínculos afetivos com a criança”, ressalta.
Andreia é especialista em Neurociência Pedagógica; pós-graduanda em Psicopedagogia; professora especialista convidada para ministrar aulas no curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia – UCB/Rio de Janeiro; e palestrante em congresso internacional – Brasil e Europa e Universidade Cândido Mendes-AVM/Rio de Janeiro.
Mais cedo, o ciclo de palestras foi aberto pelo educador Luiz Renato Rodrigues Carreiro, palestrou aos congressistas sobre “Empatia e educação inclusiva: compreensão integral do aluno e formação docente”.