Atendido com deficiência cognitiva relata superação com apoio da LBV

“Os colegas ficavam zombando do meu jeito de ser em sala de aula. Muitos me tratavam com diferença, e aquilo me deixava com medo”

Americana, SP — Setembro é um mês bastante significativo. Mas não vale dizer que é só por causa de seu aniversário ou então porque é a época em que se estabeleceu matrimônio, certo? É que neste mês ocorreram, na Cidade Maravilhosa, os Jogos Paralímpicos Rio 2016.

O período nos apresentou um verdadeiro espetáculo protagonizado por atletas talentosos em diversas categorias que, ao longo de quatro anos, enfrentaram uma dura rotina de treinamentos. São esportistas que possuem algum grau de deficiência, de todas as nacionalidades, que não medem esforços para conquistar, além de medalhas, a superação dos próprios limites.

Fernando Frazão/Agência BrasilBrasileiros ficam com medalha de prata na bocha BC4 nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.

Mas, você já parou para pensar que fora das quadras poliesportivas, pistas de corrida e piscinas olímpicas também encontramos “atletas” que, no dia a dia, enfrentam adversários na busca por Inclusão Social? Não à toa, em 21 de setembro celebra-se o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência*

Legião da Boa Vontade trabalha, há décadas, pela valorização do Ser Humano e de seu Espírito Eterno. Suas iniciativas fundamentam-se na linha educacional criada pelo educador Paiva Netto composta pela Pedagogia do Afeto e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico, e tem por objetivo formar “Cérebro e Coração”. O atendido Anderson Rodrigues Ferreira, 34, se beneficia desse modelo de aprendizagem por participar do programa de Capacitação e Inclusão Produtiva, desenvolvido no Centro Comunitário de Assistência Social. Precocemente aposentado por conta de uma deficiência cognitiva, ele relatou sua história de superação.

Izabela LobiancoCom seu certificado de conclusão de curso em mãos, o atendido Anderson Rodrigues Ferreira junto ao instrutor de cursos livres, da LBV, Rogério Capelato.

Diagnóstico

A aparência franzina em comparação com outras crianças da mesma idade que o filho Anderson despertou preocupação na senhora Guiomar Rodrigues. Atenta ao desenvolvimento do garoto, a dona de casa recorreu a médicos e especialistas. Aos 4 anos de idade, o menino foi submetido a vários exames que constataram o hipotireoidismo congênito. A anomalia ocorre quando a glândula da tireoide para de fabricar hormônios pelos quais é responsável. Sintomas como cansaço, depressão, pele ressecada, perda do apetite e anemia seguem acompanhados de alguns efeitos causados ao organismo, como dificuldade de concentração e comunicação e perda da memória.

Preconceito

No ambiente escolar, muito maior que a insegurança em realizar as leituras e os cálculos ensinados pelos professores era o preconceito. “Os colegas ficavam zombando do meu jeito de ser em sala de aula. Muitos me tratavam com diferença, e aquilo me deixava com medo, constrangido e impressionado por estar passando por aquela situação”, recorda Anderson, que reiterou que esses episódios se seguiram por todo o seu período escolar. Porém, isso não intimidou sua força de vontade em querer “dar a volta por cima”.

Apoio da LBV

Ainda que outras pessoas tentassem fazê-lo não acreditar em sua capacidade de aprendizado, Anderson decidiu prosseguir por outro caminho: aprender! Procurou a Legião da Boa Vontade para receber o apoio que precisava. “Eu ouvia as pessoas dizerem que a Entidade oferecia cursos de capacitação profissional. Então, resolvi conhecer o trabalho, e fui até o Centro Comunitário acompanhado de minha mãe e minha irmã. Fomos bem acolhidos e tratados com respeito”, comenta.

“No início, quando participei do curso de informática, cheguei a pensar que realmente não seria capaz de chegar até o fim. Mas com o passar do tempo e com a dedicação dos professores, consegui acompanhar as matérias repassadas”, conta. Vale destacar que, nessa quarta-feira, 14, o atendido Anderson participou de mais uma formatura promovida pela LBV, pelo encerramento das atividades do penúltimo trimestre de 2016. E adivinhe!? Ele já se matriculou na próxima turma da modalidade Técnicas de Gestão de Qualidade. Está super feliz =)

Izabela LobiancoDinâmicas de convivência também fazem parte da rotina de estudos do programa Capacitação e Inclusão Produtiva, desenvolvido pela LBV.

De acordo com o instrutor de cursos livres da LBV, Rogério Capelato, o desempenho do jovem é satisfatório. “Nota-se que ele é bastante esforçado e procura questionar o conteúdo com o intuito de compreender bem o assunto. Mesmo com a deficiência por parte do Anderson, não precisei diminuir o ritmo dos demais participantes, porque ele sempre persistiu em acompanhar todas as atividades propostas. Ele tem potencial para continuar estudando sempre”, ressalta.

Ao definir a experiência vivenciada na LBV e o respeito com que foi tratado na Instituição, Anderson Ferreira sintetiza. “Admiração é o que sinto pela Entidade. O tratamento das pessoas, os assuntos ensinados pelos instrutores são motivos de grande alegria pra mim. Receber mais um certificado significa que estou conseguindo vencer os comentários alheios e a mim mesmo. Aconselho a todos que se encontram na mesma situação que eu, que percam o medo, não se tornem vítimas da depressão, busquem o melhor para si, assim como eu busquei e encontrei aqui [na LBV]”, finaliza.

Izabela LobiancoFeliz por ter concluído o curso de Logística, o atendido Anderson Ferreira agradece à LBV pela oportunidade.

Colaborar para que haja muitos outros finais felizes como este está ao seu alcance. Visite e ajude a LBV!

Em Americana, SP, o Centro Comunitário de Assistência Social, da Legião da Boa Vontade, está localizado na Rua da Boa Vontade, 145 – Jd. Bela Vista. Para outras informações, ligue: (19) 3461-0131.

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Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência* – A data foi instituída em 14 de julho de 2005, pela Lei Nº 11.133, que curiosamente coincide com o Dia da Árvore (21) e é próxima ao início da Primavera (22), o que nos propicia refletir sobre a importância de renovar nossos pensamentos, deixando desabrochar uma consciência mais humana e igualitária em relação a esse público.

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