Um Brasil que se alimenta e outro que não

Mais da metade da população não tem comida suficiente no seu dia a dia, o que reforça a urgência de ações solidárias como as da LBV para reduzir esse abismo social.

O conteúdo a seguir foi originalmente publicado na edição nº 263 da revista BOA VONTADE. Para conferir a publicação, que é gratuita, clique aqui.


O país está quase dividido ao meio quando o assunto é segurança alimentar. Com a pandemia do novo coronavírus, chegamos ao absurdo de ter 55% dos lares brasileiros com algum tipo de dificuldade na hora de pôr comida no prato.

Kauã Roger
Um assunto antigo, crônico em nossa pátria, que, nos últimos sete anos, vem preocupando ainda mais e que merece de toda a sociedade um olhar mais atento e fraterno para que se possa cuidar de quem não tem o que comer ou daquele que se alimenta de maneira insatisfatória, com um cardápio pobre de proteínas, vitaminas e fibras.

Atenuar esses números e, acima de tudo, oferecer oportunidades de crescimento e de educação a essas famílias em situação de vulnerabilidade social têm sido as maiores metas da Legião da Boa Vontade, de cidadãos que formam fileiras com a Instituição para levar comida às localidades mais pobres do país, seja nas periferias das metrópoles ou no apoio a quilombolas e a populações rurais e indígenas, pessoas “invisíveis” para muitos.

São ações que visam garantir o acesso à alimentação adequada e saudável, com a parceria de bancos de alimentos locais, além de incentivar o consumo de produtos in natura e minimamente processados, conforme orientam os guias alimentares do Ministério da Saúde. A atuação contínua da LBV é um sopro de esperança que faz milhares de brasileiros acreditarem em dias melhores.

Itala Kelly

Comendo pouco e mal

Como se pode ver no destaque desta matéria, mais de 116,8 milhões de pessoas passaram de alguma forma pela insegurança alimentar no Brasil no fim do ano passado. Desses, 43,3 milhões tiveram de lidar com a falta moderada e 19 milhões estariam em nível mais crítico, passando fome, segundo o levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), realizado em dezembro de 2020.

Desde o anúncio da pandemia, fatores que já se desenhavam em nosso horizonte ganharam cores mais fortes e assustadoras, o que levou o Brasil ao Mapa da Fome das Nações Unidas, do qual havia saído em 2014. Nele, a ONU aponta como críticos os países que possuem índice superior a 5% da população nesse lamentável estado. A perda de emprego ou corte do salário; o aumento do dólar, da inflação e do preço do gás e dos alimentos — como o arroz, que subiu nos últimos 12 meses 30,56%, e o óleo de soja 97,34% — tornaram ainda mais difícil a vida dos mais pobres.

Tudo isso fez a privação da comida ir, progressivamente, se instalando. Para entender melhor o grau desse grave problema, vale lançar mão da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que elabora o diagnóstico dessa situação em três diferentes níveis: 

1. Leve: em que a preocupação quanto ao acesso aos alimentos no futuro fazem optar por produtos inferiores, ultraprocessados, a fim de não comprometer a quantidade;

2. Moderado: há redução quantitativa de alimentos e os adultos priorizam as crianças da casa — quando essas existem;

3. Grave: em que a redução de comida é severa e todos os moradores do domicílio, inclusive as crianças, sofrem com a fome.

Além de identificar o grau dessa privação, entender quem mais está exposto a essa carência para ajudar é também uma das referências do trabalho das equipes da LBV, que seguem pelas regiões de nosso imenso país atendendo a tantas famílias.

Ação da LBV chega a 285 cidades brasileiras

Ciente dessa realidade, a Legião da Boa Vontade, desde os primeiros dias da pandemia, além de prosseguir com o trabalho prestado em sua rede escolar, nos lares para idosos e nos Centros Comunitários de Assistência Social — sempre respeitando os cuidados sanitários para evitar o contágio da Covid-19 (incluindo nesses protocolos atividades não presenciais e aulas remotas quando necessárias) —, tem, com grande esforço e contando com a solidariedade dos colaboradores e voluntários da Instituição, ampliado seus serviços e campanhas.

A Entidade entregou, de março de 2020 a agosto deste ano, mais de 7 milhões de quilos em doa­ções (entre alimentos não perecíveis, verduras, legumes e kits de higiene e de limpeza) nas regiões mais pobres de 285 cidades, socorrendo tanto as famílias de seus atendidos como as de outras organizações parceiras, a fim de que esses indivíduos tenham acesso ao tão precioso alimento.

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