A trajetória do educador social Valter Luís Fialho Madruga, de 47 anos, é surpreendente, um exemplo de força de vontade, superação e Solidariedade em vários aspectos. Perdeu os pais ainda bem pequeno e, aos 7 anos, após ter sido acolhido por uma família, teve de recomeçar sua trajetória.

Eles não tinham mais como me sustentar, então, procuraram na época o Juizado de Menores, que indicou o Lar da LBV, em Glorinha/RS, que me deu tudo o que tenho de bom na vida
, conta.
A unidade, que funcionava naquela época como Abrigo Institucional para crianças e adolescentes e que, anos depois, após diversas transformações, tornou-se um Centro Comunitário de Assistência Social da Legião da Boa Vontade na referida cidade, o recebeu com grande carinho.
Valter lembra que, no início, teve de se acostumar à nova realidade, mas que isso fez toda a diferença para ele: “Eu fui aprendendo regras que são necessárias para a boa convivência, na parte de horários, de cumprimento de tarefas. Hoje, sei fazer tudo: cozinhar, organizar as coisas em casa, porque aprendi lá, passaram fundamentos muitos bons”.

No Lar e Parque Alziro Zarur, da LBV, ficou até a maioridade, e foi também ali que iniciou sua carreira profissional, trabalhando primeiro na área de Tecnologia da Informação e, posteriormente, como monitor no mesmo local onde fora atendido. Anos mais tarde, passou a atuar como educador na Entidade na capital gaúcha.
“Trouxe todos os ensinamentos que recebi na unidade da Legião da Boa Vontade para a minha vida. Há vários educadores do Lar que são [referências] de pai e mãe para mim até hoje. Faço questão de repassar isso para as crianças que ficam na Instituição, porque a gente acaba sendo uma extensão da família deles. A trajetória que tive, falar da minha origem, como cresci e aonde cheguei, tudo isso me engrandece como ser humano”, pontua.
Com o coração repleto de alegria, Valter revela que formou a própria família, casou-se e tem um filho, Gabriel Luís de Oliveira Madruga, um menino muito amado pelo casal e que atualmente está com 9 anos de idade.
Mas o destino quis provar mais uma vez a força desse guerreiro e, com apenas 1 ano e 7 meses do nascimento do menino, a mãe do garoto, Ana Claudia, veio a falecer. Começava ali mais uma fase de desafios em que Valter se tornava pai solo. Nesse período, já atuava na Legião da Boa Vontade em Porto Alegre e residia próximo dela, o que facilitou a reestruturação para a nova rotina.

“No início me senti perdido, meu filho tinha 1 ano e 8 meses, era um bebê, a minha esposa faleceu na véspera do Dia das Mães de 2015. Pensei: Como vou conduzir isso? Mas, graças a Deus, tive o apoio muito forte da LBV, das pessoas que trabalham na Instituição e também escutava todo dia no rádio as preces, em que pedia a Deus que me desse força para seguir em frente. Eu havia prometido à minha esposa, no leito de hospital, que acontecesse o que acontecesse, iria amar e cuidar dessa criança, honrar o nome dela, porque a vida continua. Graças a esses amigos que me apoiaram e continuam me ajudando até hoje no que for preciso, estamos superando tudo”, enfatiza.
Atualmente, Gabriel está frequentando o serviço de convivência Criança: Futuro no Presente!, da LBV, no período contrário da escola, o que facilita a vida do pai.
Ele gosta bastante daqui, está indo pelo mesmo caminho que segui, isso é sensacional para mim. O Gabriel é muito feliz, inteligente, esperto. Converso com as psicólogas do Centro Comunitário, pergunto o que estão achando dele e só tenho notícias boas. Isso enche o meu coração de alegria. Acredito que a minha esposa, onde estiver, deve estar abençoando a gente
, emociona-se.
Essa matéria foi publicada, originalmente, na revista BOA VONTADE nº 285, de julho de 2023. Para ler outros conteúdos publicados desta edição, clique aqui.