A pandemia do novo coronavírus trouxe sérios desdobramentos à Assistência Social, gerando instabilidade econômica e aumentando a demanda do setor.
Diante deste cenário, na edição online de seu 25º Congresso Internacional de Assistência Social, a LBV propôs uma discussão sobre tais impactos, visando à promoção da cidadania planetária. O evento será realizado nos dia 9, 10 e 11 de novembro, com a participação de profissionais atuantes nas áreas da Assistência Social e dos Direitos Humanos, representantes da sociedade civil e de movimentos sociais, além de educadores sociais, estudantes e pessoas interessadas no tema.

Na palestra inaugural do evento, o sr. Antonio Paulo Espeleta, superintendente social da LBV e especialista em Gestão de Organizações sem Fins Lucrativos pela Universidade de Berkeley-CA, compartilhou com os congressistas as experiências da Entidade no enfrentamento à Covid-19.

Em sua exposição, Espeleta mostrou como a LBV respondeu à pandemia, trabalhando, de maneira imediata, para amenizar as consequências da crise mundial de saúde.
“Realizamos pesquisas junto ao nosso público, elaboramos protocolos e manuais de prevenção à Covid-19, passamos orientações técnicas para todos os Centros Comunitários de Assistência Social e para os Abrigos para Idosos. Elaboramos procedimentos operacionais, além de análises de uma série de documentos, como decretos e relatórios para órgãos externos, tanto de defesa de direitos como judiciais”, disse.
Além da suspensão temporária das atividades presenciais, a LBV adotou um rigoroso protocolo de prevenção, limitando o acesso às suas Unidades de atendimento, principalmente os Abrigos para Idosos, um dos grupos de risco, e estabelecendo várias medidas visando à segurança e preservação da saúde de seus colaboradores internos, voluntários e, principalmente, dos atendidos.
Diante da situação atual, e tendo em vista os desafios de seus atendidos, a Instituição prosseguiu seu trabalho social, oferecendo atividades remotas para crianças, adolescentes e idosos.
“Na pesquisa, grande parte do nosso público apontou a possibilidade de receber atividades por meios digitais. Quem não pudesse, naturalmente receberia as atividades impressas. (…) Essas atividades visam o fortalecimento dos vínculos e também a convivência em família. Nesta época, ela é muito desafiadora e até mesmo conflituosa, mas entendemos também que é onde a pessoa tem sua maior segurança, sendo a nossa principal rede de apoio e de proteção”, afirmou.
Vale pontuar que a LBV ainda distribuiu cestas de alimentos e kits de limpeza às famílias em risco alimentar atendidas por seus serviços sociais e por organizações parceiras. Pessoas que têm seus direitos violados também receberam visitas domiciliares.
“Essa atenção, naturalmente, sempre foi dada, só que agora de uma forma adaptada, com ações preventivas, por meio de envio de vídeos, divulgação de campanhas para prevenção de violência, informações relacionadas aos órgãos preventivos, dentre outros. Houve esse acompanhamento por membros da Equipe de Referência da LBV, que são assistentes sociais e psicólogos. Eles articulam, então, a Rede de Proteção e protegem esses indivíduos e famílias”, ressaltou Espeleta.
Fortalecer a sociedade civil para o enfrentamento das desigualdades
Em seguida, a sra. Ana Cristina Corrêa Guedes Barros, gerente de Assistência do Departamento Nacional do Serviço Social do Comércio (Sesc), tomou a palavra.

Na ocasião, a graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com MBE em Responsabilidade Social e Terceiro Setor pelo Instituto de Economia (UFRJ) e MBA Executivo pela Coppead (UFRJ), discursou sobre o fortalecimento da sociedade civil para o enfrentamento das desigualdades e da insegurança alimentar.
“A fome é um problema multifacetado, histórico, eu diria crônico”, comentou, ao expor o problema aos congressistas.
Ao falar sobre insegurança alimentar, Ana Cristina reiterou os esforços mundiais para tratar a questão, destacando que o combate à fome é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, instituídos pelas Nações Unidas, em 2015.
“Segundo a ONU, são praticamente 820 milhões de pessoas vivendo nessa condição. É muita coisa! (…) A própria ONU, com o Programa Mundial de Alimentos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2020.”
Nesse sentido, a palestrante indicou que a integração entre a sociedade civil, o Terceiro Setor e o Governo, atuando por intermédio de políticas públicas, é fundamental para promover o acesso à alimentação.
“Esse é um direito social, garantindo pela nossa Constituição. (…) Se não houver uma integração entre esses atores, o cenário vai se agravar cada vez mais.”
Ao destacar a atuação do Sesc, mais especificamente do programa Mesa Brasil, Ana Cristina enfatizou a importância da Rede Brasileira de Banco de Alimentos. De acordo com ela, a expansão deste trabalho não só contribui para uma melhor distribuição de produtos, mas também ajuda a evitar o desperdício.
“O Mesa Brasil surge nesse contexto, de combate à fome e ao desperdício. O Brasil é um dos grandes produtores de alimentos do mundo, mas o nosso desperdício é proporcional, então estima-se que um terço do que se produz é desperdiçado, desde o plantio até a nossa mesa, ou seja, ao longo de toda a cadeia. Então, o Mesa vem atacar, mitigar esse desperdício, mas levando esse alimento que iria para o lixo, inclusive, com todo uma questão ambiental, iria parar nos aterros, nos lixões, e direciona esses alimentos para instituições sociais, para que elas possam servir esses alimentos, em sua maioria, hortifrutigranjeiros. para o seu público.”
Para finalizar, a gerente de Assistência do Departamento Nacional do Sesc fez questão de ressaltar a parceria entre a organização e a LBV:
“Ao agregar outros atores, estamos dando respostas efetivas para situações até então impensadas, não vividas. O Mesa Brasil é um exemplo disso. Nós somos da LBV em vários estados, o que é sempre bom, pela capilaridade que nós temos e que a LBV tem, mas principalmente por somar esforços, para fazer mais para quem mais precisa. Então, fortalecer a sociedade civil para enfrentar problemas tão estruturais, como desigualdade, fome, desemprego, só mesmo formando essa rede poderosa de atores. Cada um fazendo uma parte, saímos ganhando.”