Investir na Educação: aposta que dá certo

O conteúdo a seguir foi originalmente publicado na edição nº 281, de março de 2023, da revista BOA VONTADE. Clique aqui para conhecer a publicação.

Por Wellington Carvalho de Souza

Campanha da LBV entrega 20 mil kits de material pedagógico em todas as regiões brasileiras

Além dos outros direitos assegurados a crianças e jovens, estudar é necessidade de que não se pode abrir mão, ainda mais em um país cuja desigualdade social é tão acentuada, como ocorre no Brasil. Muitos são os trabalhos científicos que comprovam essa afirmativa. Em “Consequências da violação do direito à Educação”, por exemplo, em um estudo inédito publicado em 2021 pela Fundação Roberto Marinho e pelo Insper, os autores são enfáticos em apontar que a longevidade e a qualidade de vida tendem a ser maiores entre as pessoas com maior escolaridade.

Nessa pesquisa, que também contemplou os prejuízos econômicos da falta de estudo, verificou-se o seguinte: 17% dos jovens que em 2018 tinham 16 anos não devem concluir a Educação Básica antes de alcançarem os 25. E o abandono da escola custa caro em todos os sentidos. A não conclusão do Ensino Médio faz com que o indivíduo perca, ao longo da existência, cerca de R$ 290 mil para o custeio de suas necessidades, enquanto a sociedade como um todo tem um gasto adicional de R$ 104 mil por jovem que não conclui essa importantíssima etapa, perfazendo R$ 394 mil de prejuízo.

Capa da edição nº 281 da revista BOA VONTADE, de março de 2023. Disponível em www.revistaboavontade.com.br.

Mas o que leva parte das gerações mais novas a não estudar? Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação, divulgada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a necessidade de trabalhar é o principal motivo apontado por jovens entre 14 e 29 anos. A maioria abandona o colégio para ajudar os pais a sustentar o lar. Infelizmente, 32 milhões de crianças e adolescentes do nosso país vivem em situação de pobreza, como expôs o relatório “As múltiplas dimensões da pobreza na infância e na adolescência no Brasil”, publicado neste ano pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) — veja outros detalhes no infográfico ao fim da matéria. Não bastasse a vulnerabilidade social, o segundo fator determinante para a evasão escolar tem preocupado cada vez mais os profissionais da Educação: o desinteresse em aprender.

A Legião da Boa Vontade segue dando a sua contribuição contra essa realidade. Neste ano, a sua tradicional campanha Educação: Futuro no Presente! visa entregar, entre janeiro e março, 20 mil kits de material pedagógico a crianças, jovens e adultos atendidos pela Instituição e por organizações parceiras. Além de ser um incentivo à continuidade dos estudos, o benefício colabora com o orçamento das famílias mais humildes, que não precisarão desembolsar parte da renda já limitada para a compra dos itens escolares — os quais, dependendo do estabelecimento comercial, chegaram a ficar este ano até 30% mais caros, segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae). A iniciativa também almeja servir mais de um milhão de refeições e 80 mil litros de leite nas escolas e nos Centros Comunitários de Assistência Social da Entidade, combatendo a insegurança alimentar.

A seguir, alguns dos locais por onde a Caravana Solidária da LBV já entregou os kits. Lembrando que ainda dá tempo de colaborar com a campanha, doando, de maneira fácil, rápida e segura, aqui pelo site lbv.org.

Egeziel Castro

Em 15 de fevereiro, a equipe da Legião da Boa Vontade marcou presença no município de Cavalcante/GO, cuja distância da capital, Goiânia, ultrapassa 500 quilômetros. Durante o trajeto, que demorou quase sete horas para ser concluído, os voluntários da Entidade enfrentaram estradas de terra esburacadas e tiveram de forçar o carro a encarar morros e a água de alguns riachos. A missão era entregar 250 kits a alunos de 18 escolas rurais da comunidade quilombola Kalunga, considerada a maior do país.

As unidades de ensino da região são bem simples, a exemplo da escola Joana Pereira das Virgens, que se resume a uma casa de taipa com chão de terra batida, mesas e cadeiras deterioradas. Para disponibilizar água às crianças, alguns velhos filtros de barro são a solução dentro da estrutura precária. A merenda, por vezes, não passa de beiju puro. Ganhar itens novinhos e supercoloridos para usar durante o ano letivo explica a alegria da garotada, acostumada a possibilidades mínimas.

+ Conheça a edição nº 281 da revista BOA VONTADE, de março de 2023.

Por lá, a educadora Josina Pereira da Silva, que dá aula do 1º ao 5º ano, contou que “algumas crianças moram a seis quilômetros e vêm a pé para a escola. Ao receberem esses kits, elas ficaram muito felizes, porque sabem que vão aprender e, com isso, terão mais conhecimento. Essa felicidade garante os estudos, porque ajuda a criança a se desenvolver. Estou muito feliz por terem recebido os kits da LBV. Como professora, também sei que esses benefícios vão me ajudar bastante na sala de aula”.

Kauã Roger

A mobilização da LBV na capital potiguar resultou na entrega, em 11 de fevereiro, de 200 kits de material pedagógico para as crianças atendidas pelo serviço Criança: Futuro no Presente! no Centro Comunitário de Assistência Social da Legião da Boa Vontade. A ocasião, repleta de apresentações culturais feitas pelos próprios meninos e meninas, contou com a participação especial do apresentador do programa Balanço Geral, da TV Tropical (afiliada à Record TV), Alanzinho do Povo, que fez a cobertura do evento para a emissora. A InterTV Cabugi (TV Globo) também registrou todo o evento com uma linda matéria, que foi ao ar no telejornal RN2 no mesmo dia.

Ao receber o benefício, Samires da Silva, de 6 anos, contou à equipe da Instituição: “A LBV representa tudo na minha vida. Como ela me ajuda, quero sempre ajudar também. Eu amo a LBV. Quando crescer, quero ser veterinária. A LBV faz muito esforço para alimentar a gente. Ela dá farda… Ela é muito legal. O que eu mais gosto da comida é do arroz, do feijão, da salada… É tudo muito gostoso. Muito obrigada a vocês que ajudam a LBV. Eu amo vocês”.

Vale realçar que a atenção à educação se faz urgente no Rio Grande do Norte, a fim de se recuperar os prejuízos da pandemia. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica 2021, em 2020, esse Estado brasileiro registrou a maior taxa de reprovação (10,7%) e abandono escolar (14,7%) do Ensino Médio em todo o Nordeste. É o segundo com a taxa mais alta de evasão na fase final da Educação Básica em todo o país. O índice, de 14,7%, só não é pior do que o do Pará, que registra 15,6% de abandono escolar. O Rio Grande do Norte também deixou a desejar, em 2021, com a pior nota do Brasil no Ensino Médio público da rede estadual, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Dos 10 pontos possíveis, a região obteve apenas 2,8 como média.

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