Esporte e cidadania

Na LBV, o desporto é um grande aliado no processo de ensino–aprendizagem.

A cada quatro anos, povos de diferentes culturas, línguas e etnias congregam-se em virtude dos dois maiores eventos esportivos do planeta: os Jogos Olímpicos e os Paralímpicos, que, em 2016, ocorreram no Rio de Janeiro/RJ, respectivamente, de 5 a 21 de agosto e de 7 a 18 de setembro, reunindo mais de 206 nações e mais de 15.000 atletas profissionais. A realização desses acontecimentos traz à reflexão a importância da atividade física e faz perceber a soma de benefícios que a prática esportiva pode proporcionar às pessoas, se feita de modo regular e com o devido acompanhamento profissional.

Vivian R. Ferreira

Em recente pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saú- de (OMS), detectou-se a necessidade de olhar o assunto com maior atenção. De acordo com o estudo, 5,3 milhões de indivíduos em todo o mundo morrem por ano de doenças associadas à inatividade física. No Brasil, o número chega a 300 mil óbitos no mesmo período. O problema é sério e merece o empenho dos órgãos públicos competentes e da sociedade.

ALIADO DA APRENDIZAGEM

Que o esporte ajuda a manter o bem-estar e a autoestima do praticante e contribui para uma vida saudável já se sabe. Agora, o que ele também pode fazer quando bem utilizado no contexto escolar e comunitário? Educadores de Esporte concordam que a prática desportiva pode potencializar o aprendizado de crianças e adolescentes. Isso porque, além de trabalhar o corpo e melhorar a disciplina, a concentração, a agilidade e a coordenação motora deles, os inspira a vivenciar a consideração pelos semelhantes, a solidariedade e a atividade em equipe, imprescindíveis para a promoção da Cultura de Paz. “Aprender [um esporte] implica planejar, experimentar, decidir, relacionar-se com as outras pessoas (…). Ao interagirmos com elas por meio de um jogo simples, aprendemos diversos valores que levamos para nossa vida, entre eles o respeito às regras e ao próximo, um dos mais exigidos no meio esportivo em geral”, afirma o educador físico do Centro Comunitário de Assistência Social da Legião da Boa Vontade em Santos/SP, no Brasil, João Fragoso.

Nathália Valério

Na LBV, o desporto é um grande aliado no processo de ensino–aprendizagem. Para que se tenha noção da abrangência do que ela empreende na área da atividade física, cabe destacar que boa parte das 42 modalidades disputadas na última edição das Olimpíadas é praticada pelos atendidos da Instituição. Essa iniciativa é pautada pela campanha pioneira da Entidade Esporte é Vida, não violência!.

Em consonância com esse lema, a associação do esporte aos conteúdos aplicados em salas de aula e de atividades — ambos com o diferencial da Espiritualidade Ecumênica — tem produzido resultados cada vez melhores dentro e fora das quadras, dos campos e dos ginásios, como traremos nesta reportagem.

Formando campeões

O badminton é ainda pouco conhecido no Brasil se comparado a outras modalidades esportivas, mas em duas unidades da LBV é o queridinho da garotada. Para muitos, pode parecer um simples jogo de raquete com peteca, semelhante ao tênis, mas, além de divertir, ajuda a desenvolver a concentração e a coordenação motora de quem o pratica. Os atendidos nos Centros Comunitá- rios de Assistência Social da Instituição em Aracaju/SE e no Rio de Janeiro/RJ que o digam!

Na capital sergipana, a dedicação das crianças a esse esporte nas oficinas de atividades esportivas gerou resultados impressionantes ao longo de um ano e cinco meses que a modalidade vem sendo praticada no local. A participação da delegação da Entidade no Campeonato Norte e Nordeste de Badminton é um exemplo, isso porque as atletas mirins Maria Eduarda, de 11 anos, e Taislaine Rodrigues Lima, de 14 anos, integram a Seleção Sergipana e chegaram aos lugares mais altos do pódio, conquistando medalhas de ouro e de prata, respectivamente.

Jean CarlosAracaju, SE – A adolescente Taislaine Rodrigues, de 14 anos, participa da 2° Copa Norte/Nordeste de Bandminton, que esse ano está sendo realizada em João Pessoa, PB. 

“O badminton modificou minha vida e é muito importante para mim. Eu me sinto alegre quando estou jogando. Antes, eu sofria bullying; as pessoas me chamavam de gorda por causa do meu perfil mais forte, mas, depois que comecei a praticar o badminton, começaram a me ver como uma campeã. (…) Meu comportamento em casa e na escola mudou também, porque, no badminton, aprendemos a ter educação, a respeitar os pais, a ser quietos na escola, pois há o momento de brincar e de aprender”, ressaltou Taislane que é atendida pelo programa da instituição Jovem: Futuro no Presente!

INCENTIVO AO ESPORTE

Estudo realizado em 2015, pelo Ministério do Esporte do Brasil, estima que apenas 55% da população faz atividades físicas e/ou esportivas. Como a LBV se preocupa com a saúde e o bem-estar do ser humano, os Jogos Internos da Instituição são uma das muitas iniciativas da Entidade com o propósito de incentivar os atendidos por ela à prática de esportes. Em Belém/PA, o evento ocorreu recentemente na Escola de Educação Infantil Jesus e seguiu todo o protocolo de uma competição esportiva oficial. Em São Paulo/SP, o acontecimento deu-se no início do ano letivo de 2016, no Conjunto Educacional Boa Vontade, com direito até à reprodução de uma tocha olímpica, carregada por diversos estudantes e entregue a João Lemos, de 15 anos, aluno de inclusão, que, sob os aplausos da garotada, acendeu a chama simbólica dos Jogos no estabelecimento de ensino.

Os cinco mais populares na LBV

A seguir, as modalidades esportivas mais praticadas nas unidades socioeducacionais da Legião da Boa Vontade:

Conhecimento compartilhado

Concentração, estratégia e raciocínio lógico são habilidades importantes para o exercício de quase todos os esportes, mas, no caso do xadrez, são pré-requisitos a fim de que se alcance o êxito nessa modalidade. Embora ainda não integre o rol dos desportos olímpicos — mesmo que este seja o desejo de milhares de pessoas que o praticam em todo o mundo —, o xadrez é também bastante utilizado nos ambientes escolares como recurso para ajudar a estimular uma série de competências nos educandos e tornar a assimilação dos conteúdos mais natural e prazerosa.

Na LBV do Uruguai, a modalidade é uma ferramenta de grande relevância no processo de aprendizagem, sendo ensinada às meninas e aos meninos com idade a partir dos 5 anos que frequentam o Jardim Infantil Jesus, situado em Montevidéu. Os instrutores desses estudantes são os alunos mais velhos atendidos pela Instituição por meio do programa Criança: Futuro no Presente!, que repassam àqueles todo o conhecimento obtido sobre o esporte.

Letícia Teixeira

“Eu gosto muito de vir à LBV. Aqui estudamos, cantamos, jogamos, fazemos teatro e aprendemos valores. (…) É bom aprender xadrez aqui e ensinar às crianças de 5 anos. Elas gostam de jogar e se concentram bem durante as partidas, que nos ajudam a pensar e a ser mais inteligentes. O xadrez nos une como parceiros, porque cria uma competição saudável entre nós e partilha um momento de concentração”, disse o pequeno Martín Coltiño de 10 anos.

Aprendizado para a vida

Reconhecida desde o século 20 como esporte, a capoeira já conquistou o interesse de mais de oito milhões de pessoas e é praticada em mais de 160 países. Ciente do valor dela no futuro das novas gerações, a LBV da Argentina empreende, há mais de dez anos, em parceria com a Associação Argentina de Capoeira, um projeto que possibilita às crianças e aos adolescentes atendidos por ela aprender essa modalidade. Durante as duas horas em que esta é realizada, aos sábados, a garotada conhece, além das técnicas desse esporte, os valores indispensáveis para o bom viver em sociedade

Em 2015, o projeto teve um momento especial: 14 meninas e meninos atendidos pela Entidade foram batizados na capoeira, arte marcial de ataque e defesa de origem 100% brasileira. O coordenador do Espaço Educativo Calle Colores, da LBV naquele país, José Pardo, explica que a modalidade não somente trabalha todo o corpo e gera bastante energia, como também ajuda a promover a troca de valores e desenvolve a disciplina nos praticantes. Segundo o representante da Instituição, o exercício desse esporte ainda auxilia as crianças que participam do programa, que estão em situação de vulnerabilidade social, a superar diversas limitações e desafios. “Elas têm melhorado o comportamento e estão mais estimuladas na escola, o que reflete na autoestima delas. Além disso, têm melhorado a capacidade de expressão e demonstrado alta capacidade de resolver seus conflitos”, ressalta.

Carlos César Da Silva

“Vi algumas crianças fazendo capoeira e me animei. Gosto dos movimentos. Fiquei emocionado praticando capoeira e passei a me sentir melhor desde então”, disse o pequeno Adríano Vera Díaz.

 

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