Empoderamento para o despertar ambiental

Nas escolas da LBV, as meninas são encorajadas a ser protagonistas em sua jornada
 
Vivian R. Ferreira

A partir do conhecido plantio do grão de feijão no algodão, um dos primeiros experimentos acadêmicos na idade infantil, em escolas brasileiras, já se começa a despertar no estudante a vocação de cuidar do planeta. Quem não se recorda dessa experiência em sala de aula e de ter aguardado com bastante expectativa aquela semente germinar? O interessante é que, nos dias atuais, ainda vemos o brilho nos olhos das crianças quando notam a haste do feijão subindo… Esse momento motivacional continua envolvendo e encantando meninas e meninos, geração após geração, estimulando neles o prazer de mexer com plantas, apesar de terem toda a tecnologia à disposição.

Vivian R. FerreiraSuelí Periotto é supervisora da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, da LBV, e diretora do Instituto de Educação José de Paiva Netto, em São Paulo/SP. Doutora e mestre em Educação pela PUC-SP, também atua como conferencista.
Observar esse comportamento nos faz refletir de que forma podemos incentivar o aluno a utilizar um novo aprendizado/conhecimento para resolver questões desafiadoras da atualidade, na busca de alternativas e/ou soluções para assuntos individuais e da nossa morada global. Na rede de ensino da Legião da Boa Vontade, na qual aplicamos a Pedagogia do Afeto (destinada a crianças de até 10 anos de idade) e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico (aplicada a partir dos 11 anos), que compõem a linha educacional criada pelo diretor-presidente da Instituição, José de Paiva Netto, acreditamos que o ambiente escolar é capaz de cumprir esse papel, pois consideramos o ser humano em sua integralidade, como Espírito Eterno, com uma bagagem espiritual e cultural singular.

Por isso, podemos, sim, falar aos estudantes de proteção da Floresta Amazônica —
mesmo que estejamos em regiões geograficamente distantes dela — e trabalhar por sua preservação. Contudo, precisamos também estar atentos ao que se passa com o nosso aluno, dentro e fora dos portões da escola.

Na LBV, atendemos crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, e isso nos leva, entre outros aspectos, a trabalhar de forma mais abrangente ações como essa, com foco no Meio Ambiente. Afinal de contas, será que todos os educandos se encontram emocionalmente bem, em condição de se encantar com as propostas apresentadas por seus professores? Como falar, por exemplo, da importância de cuidar da Natureza para quem vive em lares sem proteção às vidas que neles habitam, onde a agressividade atinge principalmente as meninas, pelo desrespeito às suas mães, irmãs ou a elas próprias, em circunstância de perigo e/ou abuso? É realmente desafiador planejar e executar qualquer atividade para preservar ecossistemas quando sua própria condição humana corre risco, ainda mais quando se é jovem.

Trabalhar pelo fim da violência

O fato é que a realidade vivenciada por alunas de colégios públicos e privados tem soado como um verdadeiro clamor por amparo e acolhimento, resultante das diversificadas formas de violência que enfrentam. E é pela educação que se tem conseguido o empoderamento delas, quebrando um ciclo de opressão, muitas vezes, estabelecido em gerações anteriores de mulheres de sua família.

Reconhecemos que o papel da escola é não só instrumentalizá-las intelectualmente, de modo que os conhecimentos pedagógicos sejam somados à sua criatividade, mas também apoiá-las psicologicamente, a fim de que superem seus desafios e, consequentemente, se animem a participar de projetos como os que defendem a preservação da Natureza.

Uma instituição de ensino precisa adotar atitudes concretas de cuidado pessoal para a proteção de suas educandas, que demonstrem a elas quanto são importantes, que merecem ser defendidas de situações de agressividade e que possuem capacidade de brilhar academicamente, incentivando-as a desenvolver propostas que ajudem a mitigar, em um futuro próximo, tragédias ambientais em processo, como o desmatamento e os incêndios criminosos.

Na junção de trabalhos de proteção pessoal e de reforço das competências é que a LBV ampara seus atendidos, especialmente as meninas de sua rede de escolas e de seus Centros Comunitários de Assistência Social, de modo que, ao virem seus talentos reconhecidos, tenham fortalecida a autoestima. Para a Legião da Boa Vontade, desde cedo, cabe à escola orientar seus alunos acerca dos caminhos legais de defesa das mulheres, assunto que também diz respeito aos meninos e jovens, uma vez que precisam saber como defender e amparar familiares que passem por tal situação, promovendo, assim, na sociedade a cultura do empoderamento feminino.

Para isso, a equipe multidisciplinar de suas unidades educacionais mantém atenção para um contínuo suporte das estudantes, para que se sintam aptas a reagir aos desafios e sigam em frente, impedindo a solução de continuidade de sua vida acadêmica, uma vez que a chegada ao Ensino Superior pode fortalecer, ainda mais, a participação feminina na busca da igualdade de competência, na acirrada concorrência a cargos e profissões, que já foram (e podem ainda ser, para alguns) considerados apenas para homens, principalmente se forem postos de chefia.

Assuntos como esses necessitam estar em pauta, ser amplamente discutidos com as novas gerações em sala de aula, a fim de que os preconceitos sejam, de fato, eliminados. São reflexões contínuas a serem mediadas pelos educadores, em parceria com a família, vindo a transformar-se em múltiplas atividades, repercutindo empaticamente no bem dos que fazem parte da sociedade, com a preocupação de abranger a coletividade que compõe a grande morada de todos nós, o planeta Terra.

Vivian R. FerreiraVisita de alguns dos alunos da LBV ao jardim botânico, da cidade de São Paulo.

Está nas mãos da escola direcionar atenção total às suas alunas, futuras profissionais, que merecem ser motivadas a se sentir confiantes de que podem chegar a postos de liderança, apesar das situações de dor que porventura tenham vivenciado, bem como oferecer a essas meninas-educandas, desde a mais tenra idade, alicerces que fortaleçam sua capacidade de resiliência. O trabalho pedagógico e as propostas de pesquisa em sala de aula podem auxiliar na superação de traumas, despertando habilidades e o interesse por profissões que impactem o futuro de outras jovens, em localidades diversas do mundo, que enfrentem as mesmas problemáticas.

A rede de ensino da LBV oferece esses subsídios às educandas, seguindo as premissas do autor da linha pedagógica da Instituição, o educador Paiva Netto, que assim orienta sua proposta: “A mulher, o lado mais formoso da humanidade, singulariza o alicerce de todas as grandes realizações. Aquilo que fisicamente nos constitui é gerado em seu ventre. Componentes do gênero feminino se traduzem em elemento preponderante para a sobrevivência das boas causas. Organizações estáveis contam com mulheres estáveis. O meu fito aqui é ressaltar quanto é primacial para a evolução humana e a segurança do mundo a missão da mulher (…)”.

Das carteiras das nossas escolas, registramos o sucesso e a superação pessoal de jovens que chegaram ainda meninas na Legião da Boa Vontade — muitas vivendo situações complexas — e que hoje, atuando com alunos em sala de aula ou exercendo sua profissão fora do ambiente escolar, refletem a resiliência, a bagagem intelectual e a prática do que adquiriram em projetos nas suas comunidades, num exercício de proteção e de cuidado com a Natureza, como vocês puderam ver ao longo dessa matéria. E temos certeza de que essas sementes irão se multiplicar e render ainda mais frutos.

Eduardo Izaias
Quem: Héllen Pâmela Rodrigues
Idade: 29 anos
Local: Santa Rita do Sapucaí/MG
Formação: Atualmente cursa MBA em Gestão de Projetos pela Universidade de São Paulo (USP). É engenheira ambiental pelo Centro Universitário Senac, especialista em Direito Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e ex-aluna do Conjunto Educacional Boa Vontade, em São Paulo/SP.
Como contribui com a sustentabilidade: Realizou projeto em Logística Reversa de Eletrônicos, visitando unidades de tratamento e de destinação final desses componentes, trabalhando na certificação para o destino correto dos resíduos. Integrou também a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo/SP.
Como a LBV encorajou essa trajetória: “A escola da LBV incentiva as alunas a perceber e a manifestar seus valores, suas capacidades e habilidades, e isso colabora para que continuem os estudos, porque, antes de tudo, as incentiva a valorizar a vida e a lutar por ela, com coragem e fraternidade”.

Vivian R. Ferreira
Quem: Daiana Evaristo Oliveira
Idade: 30 anos
Local: São Paulo/SP
Formação: Bióloga pelo Centro Universitário São Camilo e pós-graduada em Educação Ambiental para a Sustentabilidade pelo Centro Universitário Senac, da capital paulista. Ingressou no Conjunto Educacional Boa Vontade, no Pré II, aos 5 anos, onde se formou no Ensino Médio, em 2007. Na unidade de ensino, vivenciou, ao longo de todos esses anos, várias experiências ligadas à temática de proteção do Meio Ambiente.
Como contribui com a sustentabilidade: Na graduação, liderou projetos relacionados à reciclagem, ao reflorestamento e à educação ambiental. Atualmente, é professora de Ciências no Ensino Fundamental II do Instituto de Educação José de Paiva Netto, que integra o Conjunto Educacional Boa Vontade, onde estudou, e realiza com os alunos atividades ligadas à sustentabilidade, como campanhas de sensibilização para economia da água e produção de bombas de sementes.
Como a LBV encorajou essa trajetória: “A LBV incentiva muito [o desenvolvimento de habilidades dos estudantes], além de dar todo o suporte educacional e emocional, compartilhando oportunidades em universidades, ajudando na escolha da carreira, trazendo profissionais para dividir suas experiências com os jovens. É um trabalho completo. Toda essa dedicação nos faz chegar ao Ensino Superior muito bem preparados, seguros, fortalecidos para enfrentar os desafios, para encarar mundos novos, sem perder o foco”. 

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