Taguatinga, DF — Tudo começou com uma história dura da nossa realidade: a dos povos negros que foram tratados como escravos no tempo da colonização do Brasil, mas terminou com uma animada roda de capoeira, que reuniu os integrantes do grupo Beribazu e também a garotada atendida pela LBV na Escola de Educação Infantil Alziro Zarur, em Taguatinga/DF, e uma super aula sobre importantes personagens negras da nossa história.
A atividade fez parte das celebrações do Dia da Abolição da Escravatura, lembrado neste dia 13 de maio, e que foi vivenciado nas duas unidades da LBV no Distrito Federal.
A Capoeira
As crianças — entre 3 e 5 anos — se reuniram no parquinho da escola, embaixo da sombra da árvore que faz as brincadeiras serem mais frescas até quando o sol brasiliense não dá trégua, para conhecer um pouco dessa história de forma educativa e lúdica. Por meio da interpretação e do canto, acompanhado de berimbau, caxixi, atabaque, pandeiros e os sons da natureza ali presentes, elas ficam atentas a todos os detalhes.
Quem conta sobre a atividade é Rosy Costa, voluntária da LBV e integrante do grupo de capoeira Beribazu: “Nós fizemos uma apresentação, um pout pourri da história do negro no Brasil, desde a época da escravidão até agora, já que a capoeira está dentro das escolas. A gente fez algumas passagens dessa história, justamente para as crianças fixarem isso daí e começarem a valorizar desde agora de onde veio a capoeira, porque eles treinam capoeira, porque a gente está dentro do colégio hoje, porque a capoeira é tão importante para eles, isso foi bem bacana!”.
A ação se une ao Projeto África, desenvolvido com a garotada e tem um importante papel na valorização e no reconhecimento da importância de uma das matrizes da formação cultural do Brasil. A professora da LBV Elvira Izídio explica sobre esta iniciativa: “O Projeto África visa trabalhar a cultura em geral, a cultura negra, a cultura africana. Nós trabalhamos as histórias, a música, a questão do comer, e o contar. Contamos histórias da África e, com isso, a cultura brasileira envolvida e tudo o que a cultura africana representa para o Brasil”.
O grupo Beribazu desenvolve há um ano um trabalho voluntário semanal com todas as crianças atendidas pela LBV, levando a capoeira para a Escola e colaborando no desenvolvimento da garotada de diferentes maneiras. “A parte lúdica, da musicalidade, a gente trabalha a questão da força da criança, do equilíbrio, da coordenação motora, a fala, então a criança desse tamanho, sendo introduzida dentro da nossa cultura e da arte, ela desenvolve muito mais rápido vários aspectos da vida dela, graças à capoeira hoje estar aqui”, destacou Rosy Costa.
Painel A Evolução da Humanidade
No período da tarde, foi a vez de as crianças atendidas pelo Centro Comunitário de Assistência Social, da LBV, em Brasília/DF, aprenderem um pouco mais sobre esta importante história.
Elas foram convidadas a ir até o Salão Nobre do Templo da Boa Vontade (monumento que fica ao lado da Unidade da LBV, e sobre o qual você pode saber mais clicando aqui). Chegando lá, com o professor Nelson Fernando Inocêncio da Silva, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), elas puderam conhecer um pouco mais sobre as personalidades negras retratadas no Painel ‘A Evolução da Humanidade’ e suas histórias.
Para o professor universitário que topou o desafio de conversar com o grupo que tem entre 6 e 12 anos, o Painel é uma mostra que o desenvolvimento depende de todos: “É importante isso: entender que o desenvolvimento da humanidade depende dos seres humanos, independente do seu pertencimento racial, independente da sua condição de gênero, orientação religiosa, sexual, os seres humanos contribuem. E esse interesse pela diversidade humana é fundamental. Nós temos aqui pessoas não somente ocidentais, mas orientais, mulheres, homens, negros, brancos, asiáticos, isso é pedagógico, é didático mostrar que o mundo todo trabalha para o desenvolvimento da humanidade, isso é fundamental”.
Para ele, essa e outras ações que propiciam o despertar da consciência são essencial: “É disso que o mundo precisa: informação. A pessoa desinformada está mais vulnerável do que qualquer outra. A informação nos fortalece, empodera, e isso é fundamental”.
Sobre a experiência, comentou: “É um esforço muito grande trabalhar com o público infantil, é sempre um grande desafio conversar com os meninos e meninas. Se elas [as crianças] lembrarem como um momento positivo na vida delas, tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre as personalidades negras, eu dei minha contribuição”.
Guilherme Gabriel, de 11 anos, participou da atividade e já escolheu sua personalidade preferida: “O que eu mais gostei foi que aprendemos muito, e eu não conhecia nenhuma dessas pessoas, e fui vendo e conheci bastante. Eu gostei mais do Mandela, da África do Sul, porque ele lutou para melhorar a vida do povo da África”.
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