A educação no enfrentamento da violência contra a mulher

Cidadania Solidária: a educação no enfrentamento da discriminação e da violência contra a mulher

 

Suelí Periotto, supervisora da Pedagogia da Boa Vontade.Suelí Periotto, supervisora da Pedagogia da Boa Vontade.As ações educacionais (formais e informais) desempenham papel fundamental na melhoria das condições de vida da mulher, no Brasil e no mundo. E tal apoio pode ser decisivo diante da problemática da desigualdade de gênero e da violência contra as mulheres, desde a infância até a Terceira Idade.
 
Faz-se necessário incentivar todo ambiente aberto ao diálogo sobre o “empoderamento” feminino — a fim de que esse tema seja constantemente discutido, em programas lúdicos ou pedagógicos, e onde se reúnam informações, esclarecimentos e propostas para a erradicação dos casos de agressão contra meninas, jovens e adultas, uma situação dramática e intolerável observada mundialmente, por conta dos altos índices desse tipo de ocorrência.
Do ambiente escolar podem e devem surgir iniciativas capazes de fazer a diferença na mudança dessa realidade atual — ponto de partida para a construção de uma sociedade mais justa, em que pessoas de ambos os sexos tenham igual acesso às oportunidades de trabalho (condições salariais e de crescimento profissional), com base no esforço individual, nas próprias habilidades e competências, isento de preconceito de gênero.
Com suas ações socioeducacionais, a LBV contribui para a melhoria das condições de vida da mulher, fator importante no combate à desigualdade de gênero e à violência contra as mulheres.Com suas ações socioeducacionais, a LBV contribui para a melhoria das condições de vida da mulher, fator importante no combate à desigualdade de gênero e à violência contra as mulheres.

No Brasil e em mais seis países onde mantém bases autônomas — Argentina, Bolívia, Estados Unidos, Paraguai, Portugal e Uruguai —, a Legião da Boa Vontade se empenha em atender todos os dias milhares de meninas e meninos. Nas unidades de ensino da Instituição, é oferecida educação de qualidade, somando valores da Cidadania Ecumênica à formação intelectual, de modo que o aluno tenha a necessária base para dar continuidade aos estudos e ingresse na universidade. Suas escolas e programas socioeducacionais seguem uma linha pedagógica própria, criada pelo dirigente da LBV, o educador José de Paiva Netto. Nela, raciocínio e sentimento (Cérebro e Coração) norteiam a aprendizagem, a fim de que os resultados obtidos na educação básica propiciem ao estudante construir sua vida profissional digna e satisfatória.

Um elemento importante dessa proposta pedagógica é o de contribuir para despertar no educando o olhar crítico e uma postura que privilegie a competência, sempre em harmonia com o sentimento. Para isso, a LBV utiliza a Pedagogia do Afeto (direcionada às crianças de até 10 anos de idade) no reforço aos aspectos cognitivo e emocional. A ênfase no sentimento não subtrai a criticidade do aprendiz. Ao contrário, o coração abastecido pelo exercício da Solidariedade, da Fraternidade e da Amizade pode alcançar um grau maior de esclarecimento. A educação com valores éticos, ecumênicos e espirituais fortalece o protagonismo infantil e acentua a capacidade da criança de respeitar o outro e a si mesma, sem o risco de se descaracterizar ou debilitar a própria personalidade.

Na proposta pedagógica da LBV, raciocínio e sentimento (Cérebro e Coração) norteiam a aprendizagem, a fim de que os resultados obtidos na educação básica propiciem ao estudante construir sua vida profissional digna e satisfatória.Na proposta pedagógica da LBV, raciocínio e sentimento (Cérebro e Coração) norteiam a aprendizagem, a fim de que os resultados obtidos na educação básica propiciem ao estudante construir sua vida profissional digna e satisfatória.

Espaço para o diálogo e a reflexão
As salas de aula das escolas da LBV representam também um local aberto ao debate e à reflexão de temas que interessam aos alunos, principalmente aos que passam pela adolescência. A eles é direcionada a Pedagogia do Cidadão Ecumênico. Para melhor prepará-los para o enfrentamento de situações próprias da juventude, são promovidas atividades de pesquisa e de troca de informação. Nesse trabalho, os educandos compartilham conhecimentos, tiram dúvidas e, assim, elevam o grau de compreensão individual e coletiva. Com isso, o exercício proposto e mediado pelos educadores promove o conteúdo pedagógico e expande o entendimento da temática em discussão.

A linha pedagógica da LBV possui uma metodologia própria, o MAPREI (Método de Aprendizagem por Pesquisa Racional, Emocional e Intuitiva), ferramenta facilitadora de um maior envolvimento dos estudantes nos assuntos propostos pelo professor. O MAPREI apresenta seis etapas; tomando como exemplo a segunda delas, os alunos realizam levantamento de dados sobre o tema a ser debatido em aula. O desenvolvimento da aptidão para busca de conhecimento é um fator que favorece a experiência de autonomia no estudante. Ao mesmo tempo, reforça a conscientização dos próprios direitos de cidadão e o prepara para enfrentar e superar situações de violência e discriminação, entre outros desafios.

Tal forma de direcionamento em sala  de aula tem feito com que as meninas desenvolvam postura crítica e responsável e saibam procurar os serviços de defesa da mulher, se necessário, e os meninos sejam capazes até de orientar a mãe e a irmã, na defesa contra eventuais parceiros que lhes causem maus-tratos, denunciando abusos. Na LBV, crianças e adolescentes aprendem o valor da cidadania e da solidariedade, conscientes de que no futuro possuirão condições e o dever de tratar com afeto e respeito o companheiro ou companheira.

Com a missão de educar com Espiritualidade Ecumênica, as Escolas da LBV contribuem para que o educando exerça, de maneira plena e consciente, a cidadania, a ética e a solidariedade.Com a missão de educar com Espiritualidade Ecumênica, as Escolas da LBV contribuem para que o educando exerça, de maneira plena e consciente, a cidadania, a ética e a solidariedade.Sala de aula discute igualdade de gênero
Como exemplo do envolvimento do educando com temas da atualidade, é forte a participação na disciplina de Convivência. A matéria convida à pesquisa/discussão de assuntos importantes do dia a dia, como a Lei Maria da Penha. Nas aulas do ensino médio, no Instituto de Educação José de Paiva Netto, na capital paulista, esse tema foi proposto aos adolescentes. Os alunos, então, pesquisaram os fatos responsáveis pelo surgimento dessa importante lei, que hoje protege tanto as mulheres quanto os homens, idosos, homossexuais, deficientes físicos e outros que se sintam vulneráveis ou vítimas de preconceito e/ou violência.

Na socialização dos dados levantados, foi marcante a forma pela qual os alunos se expressaram na condução dos comentários, demonstrando firmeza nas colocações. As jovens evidenciaram amadurecimento e familiaridade com os direitos que lhes garante a lei. Os rapazes, além de mostrarem conhecimento do assunto, reafirmaram a gravidade do papel social de cada indivíduo, independentemente do gênero.

Na parceria família e escola, a LBV também estabelece vínculos com os pais ou responsáveis, por meio de atividades que resultam em benefícios ao núcleo familiar. Assim, incentiva-se a participação da comunidade em encontros para discutir, no espaço da escola, questões de interesse local e da sociedade em geral. Mulheres — mães, avós ou outras responsáveis pela criança ou pelo adolescente — recorrem, quando precisam, aos profissionais do setor de Serviço Social e de Psicologia Educacional. Ali, recebem orientação, apoio e encaminhamento aos órgãos públicos pertinentes, conforme a situação relatada e a área do profissional destacado para atender a família. Em especial, as mulheres são as que mais recebem apoio na compreensão e solução de problemas específicos: na conquista de direitos institucionais e no desenvolvimento pessoal e familiar.

A conclusão desse trabalho não é uma solução acabada ou uma situação plenamente resolvida, mas já se percebe um conjunto de conquistas que tem transformado, decisivamente, a vida das crianças, jovens e mulheres beneficiadas pelo apoio escolar.

Na visão do diretor-presidente da LBV, é inevitável o avanço positivo rumo à igualdade de gênero. No artigo “O Milênio das Mulheres”, encaminhado à ONU em vários idiomas, ele afirma: “Não há como impedir — consoante ainda hoje alguns de forma simulada gostariam — a destacada e frutífera participação [das mulheres] nos vários setores da sociedade para que o progresso alcance pleno êxito em magnífica cruzada de resgate da cidadania (…). Adesão que naturalmente inclui os que gerenciam as ações político-governamentais, em que é essencial o alento renovador da Espiritualidade Ecumênica, sem o que a eficiência permanecerá aquém dos anseios populares. (…) O papel da mulher é tão importante, que, mesmo com todas as obstruções da cultura machista, nenhuma organização que queira sobreviver — seja ela religiosa, política, filosófica, científica, esportiva, empresarial ou familiar — pode abrir mão de seu apoio”.

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