
No bairro Boa União, em Rio Branco/AC, reside uma mulher de fala serena, mas de presença marcante, que aprendeu a transformar dor em força e lixo em arte. Maria Helena Alves, de 68 anos, faxineira aposentada e artesã por vocação, enfrentou perdas irreparáveis — como a do marido — e obstáculos que desafiariam qualquer um: foi mãe solo, deu à luz dois de seus cinco filhos em um barco, sobreviveu à fome, à solidão e a três tipos diferentes de câncer. Mas nenhum desses episódios calou sua vontade de viver e se transformar. “Eu enfrentei vários desafios e hoje posso te dizer que agora, com a idade que estou, foi que eu me encontrei”, revela, com a sabedoria de quem trilhou um longo caminho. “Aprendi a dar valor à minha identidade. Hoje, o que faço é para mim e por mim.”
Cuidar do planeta é também um ato de autocuidado
A relação de Maria Helena com o meio ambiente é profunda e antiga. Ela relembra o tempo em que vivia numa embarcação, entre redes, rios e trocas com ribeirinhos, uma rotina de subsistência em um Acre diferente do atual. “Morava dentro de um barco, regateando, rio acima e abaixo. A geração que construí foi dentro dele.”
Foi nessa travessia, em pleno Rio Acre, que ela teve o primeiro contato com a Legião da Boa Vontade, ouvindo o programa da Instituição pelo rádio. O passado, marcado por desafios, agora se reinventa por meio da arte, da consciência ambiental e do desejo de seguir em frente.
Para ocupar a mente e afastar a tristeza, ela começou a criar peças artesanais com itens recicláveis. Das ruas, recolhe sombrinhas quebradas, aros de bicicleta e objetos abandonados que muitos chamariam de lixo. Mas que, para ela, são matérias-primas para a dignidade. “O que era lixo vira luxo. Eu me sinto o máximo por ajudar o planeta. Comecei a reciclar justamente para ter algo para fazer”, revela, orgulhosa, unindo ocupação terapêutica com propósito ecológico.

A força do acolhimento
A Legião da Boa Vontade tornou-se um porto seguro na vida de dona Maria Helena — um espaço onde ela se sente acolhida e encontrou propósito, vínculos e autoestima. “Eu me sinto bem na LBV. Passo horas aqui, mas, para mim, parecem segundos. O acolhimento é maravilhoso”, compartilha. Além de produzir, ela doa e vende suas peças e faz questão de instruir outras mulheres. “Incentivo as pessoas. Ensino com todo gosto”, afirma entusiasmada, inspirando atitudes mais sustentáveis.
Na convivência com outras participantes, ela interage, faz amizades, constrói laços, compartilha experiências e fortalece a autoestima coletiva. “A LBV ajuda — e como ajuda!”, exclama, reconhecendo o apoio em sua jornada de autodescoberta e empoderamento.
Crise ambiental é assunto sério

Quando se trata da Natureza, Maria Helena tem razão para se preocupar. “Antigamente não tinha essas inundações. O que reaproveitarmos hoje será bem melhor para as futuras gerações. No ano passado, ficamos tomados pela fumaça [na cidade]. Ninguém conseguia respirar.”
Sua fala nasce na experiência. Para ela, toda atitude em prol do meio ambiente conta. “Um gesto vale mais que mil palavras. Se uma boa parte da população mundial fizesse sua parte, a situação ambiental seria muito diferente.” E deixa um alerta: “Prestem atenção no que estão fazendo e descartando. O problema é mais sério do que parece”.

É por isso que a Legião da Boa Vontade investe em ações ambientais em todo o Brasil. A Instituição acredita que escolhas sustentáveis promovem o cuidado de todos os que habitam a Terra. Cuidar do planeta é, mais do que nunca, um compromisso com o presente e o futuro.
“Estou me sentindo o máximo por ajudar o planeta. Prestem bem atenção no que estão fazendo e descartando. O problema é mais sério do que parece. (…) Um gesto vale mais que mil palavras. Se uma boa parte da população mundial fizesse sua parte, a situação ambiental seria muito diferente.” | Maria Helena Alves, 68 anos, participa do serviço Vida Plena na LBV em Rio Branco/AC