Logo que o primeiro caso da Covid-19 foi confirmado em solo brasileiro, o principal foco de combate à doença foram as capitais do país, mas, com o passar do tempo, uma preocupante mudança tem sido observada: o avanço do novo coronavírus para o interior. Até 27 de junho de 2020, dados do Ministério da Saúde revelavam que 90,1% dos 5.570 municípios já registravam episódios da enfermidade. Em 2.551 deles (45,8%), havia também a ocorrência de mortes.
As cidades menores sofrem ainda mais o impacto da pandemia. Por não contarem com uma rede de saúde estruturada para receber os doentes mais graves, têm de removê-los para municípios maiores, o que pode levar ao colapso o sistema de saúde desses locais.
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Observando essa vertente e preocupada com as famílias em situação de vulnerabilidade, a Legião da Boa Vontade (LBV) intensificou o seu apoio nessas regiões com a campanha SOS Calamidades, entregando cestas de alimentos não perecíveis e kits de limpeza e de higiene e levando informações sobre o combate a esse mal.
Nesta reportagem, a revista BOA VONTADE destaca alguns desses atendimentos, que demandaram grande esforço da equipe de voluntários da LBV para chegar a locais remotos do Brasil, seja no interior ou nos centros urbanos, de Norte a Sul do território nacional. É graças à sua ajuda, amigo(a) colaborador(a), que esses brasileiros puderam ter alimento em suas mesas, produtos de higiene para se proteger do novo coronavírus e, acima de tudo, esperança em dias melhores.
Entre os dias 25 e 29 de maio, a equipe da Legião da Boa Vontade percorreu quatro cidades do sertão do Estado do Rio Grande do Norte, região do semiárido nordestino, área castigada há décadas pela seca. Foram mais de 870 quilômetros rodados, a partir da capital potiguar, para entregar, com o apoio da Fundação Banco do Brasil, 900 cestas de alimentos não perecíveis e 900 kits de higiene e de limpeza, impactando mais de seis mil pessoas com as doações.
As regiões beneficiadas pela Entidade estão entre as que apresentam os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, como o município de São Tomé, cujo IDH-M é de 0,613, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Lá, a ação deu-se nas comunidades de Quixabeira, Sucarvão e Vila de São Francisco.
A secretária de Assistência Social da cidade, Lucicarla Ferreira, afirma que a crise sanitária intensificou as dificuldades enfrentadas pela população local, porque muitos munícipes que trabalhavam em Natal “ficaram desempregados, tendo de voltar para São Tomé, onde é a casa deles. A LBV, ao amparar estas famílias, ameniza o sofrimento dessas pessoas. Eu agradeço à Instituição mais uma vez, parceira do nosso município”, concluiu.
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Daniel Michelângelo da Silva, coordenador técnico da Defesa Civil de São Tomé, ressaltou que a iniciativa é “importantíssima; principalmente onde há tantas famílias carentes, ela é fundamental para a sustentabilidade”.
Para essa ação, a LBV contou com a colaboração de profissionais da Defesa Civil, da Polícia Militar, da Vigilância Sanitária, da Secretaria de Assistência Social e da Digipix Fotografias, que fez as filmagens com drone, além do apoio de voluntários e da equipe do Centro Comunitário de Assistência Social da Instituição em Natal. Nosso muito obrigado a esses parceiros solidários, sem os quais não seria possível o sucesso da iniciativa.
Chegar às localidades mais distantes do Brasil, com sua extensão continental, não é tarefa fácil. As equipes da LBV que o digam. Às vezes, faz-se necessário ter grande determinação para concretizar a iniciativa, como é possível notar nas imagens que registraram as ações realizadas pela Instituição, no dia 10 de junho, em duas comunidades ribeirinhas no Amazonas (a 28 quilômetros de Manaus): Rio Capitari e Lago de Aminaô, ambas situadas no município de Careiro da Várzea, à margem do Rio Solimões. No local, onde o acesso é apenas fluvial, voluntários da Entidade utilizaram pequenas canoas para entregar cestas de alimentos e kits de material de limpeza à população. “As famílias moram em palafitas, porque é tudo várzea. Elas ficaram muito felizes com essa ajuda, pois a maioria não tinha o que comer naquele dia. Além da comida e dos produtos de limpeza, orientamos os moradores sobre o combate à Covid-19, com o apoio da enfermeira Danny Oliveira, da Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, que nos acompanhou para passar informações sobre o uso de máscara e como deve ser feita a higiene. Sinto-me muito bem em fazer parte de mais essa atividade da LBV e levar esperança para essas pessoas, para que sintam que não estão esquecidas”, destaca Placilda Silva, gestora da Instituição na capital manauara.
O Vale do Jequitinhonha é um dos lugares mais pobres do Brasil. Situado em Minas Gerais, carrega a triste alcunha de “Vale da Pobreza” por causa dos baixíssimos índices de desenvolvimento, representando, segundo dados do IBGE, apenas 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais.
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Por tudo isso, a LBV inaugurou, na cidade de Araçuaí, no Médio Jequitinhonha, em 2019, uma unidade de atendimento socioassistencial, voltada à população local e de municípios do entorno. Neste período de pandemia do novo coronavírus, a partir de sua base, a Entidade tem amparado esse povo batalhador, a exemplo do que ocorreu entre 18 e 29 de maio de 2020, quando foram distribuídas 25 toneladas de alimentos, acondicionados em cestas, a moradores de José Gonçalves de Minas, Araçuaí, Berilo, Virgem da Lapa, Chapada do Norte, Jenipapo de Minas e Francisco Badaró.
Lizionete da Silva Menezes, residente na zona rural de Araçuaí, contou que o marido dela é o único das sete pessoas da família que tem emprego para ajudar no sustento do lar: “Tudo em casa tinha acabado, e meu esposo ainda não recebeu [o salário]. Eu agradeço muito [à LBV], graças a Deus! E que Ele ilumine e abençoe todos vocês, porque [a cesta] chegou em uma boa hora”.
A quilombola Joanita Miranda, também de Araçuaí, disse: “Eu agradeço por receber esta cesta da LBV. Estou precisando muito. Deus ajude vocês que estão na minha casa trazendo esse presente!”
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